“Todo vai pelo melhor no
melhor dos mundos possíveis”
Retirando a estafada
frase “vivemos num quadro obviamente difícil para todos”, concluímos que não há
mínima desarmonia na UP, de acordo com o discurso do Reitor que pode ser lido
aqui:
Não há uma referência no
discurso à promoção pelo Reitor da fusão
entre a FMUP e FMDUP, nem referência a qualquer crítica do Conselho de
Curadores ou do Conselho Geral, nomeadamente relativamente à percentagem avultada do orçamento da
universidade gasto pela Reitoria, nem referência às persistentes disfuncionalidades
dos serviços partilhados que
continuam a afetar as faculdades, nem referência à insatisfação dos estudantes pela
perda de qualidade dos SASUP, ou pela
redução da extensão da época de exames,
nem ao reiterado adiamento pelo Reitor da afixação no átrio da reitoria de placa de homenagem aos estudantes que combateram
a ditadura tal como foi aprovado por unanimidade pelo CG, nem sequer são
referidas as públicas queixas de subfinanciamento
grave do ensino da medicina na UP. Quando a auto-estima é imensa, a
realidade não existe. Tem o discurso algumas tiradas hilariantes, julgo que
para descontrair o leitor do agreste estilo do texto, como a de considerar que a
UP merece parte dos louros pela atribuição por votação online do prémio “Melhor
Destino Europeu 2017” ao Porto (se o FCP ganhar o campeonato, no próximo
discurso…).
Se a maior parte do
discurso é um panegírico acrítico da UP e da performance da atual equipa de
gestão da Reitoria, o que é perigoso para a universidade é o que está escrito como
sendo os objetivos futuros deste Reitor que se podem ler nos “quatro grupos de temas de política e governação”
(pg 21):
- A confessada obsessão em criar regulamentos que vão
espartilhar e burocratizar ainda mais a atividade dos docentes universitários,
seja através de “definir o modelo de
regulamento de prestação do serviço dos docentes” (?) ou de “definir o regulamento complementar da
investigação” (um mastodôntico regulamento hiperburocrático de mais de 20
páginas proposto pela reitoria para encarcerar a atividade de investigação, que
anda a circular por mãos escolhidas, e que exige, não se esqueça, aprovação
pelos conselhos científicos de cada faculdade).
- A vontade de “reorganização orgânica” que é eufemismo
de fusões a serem definidas pelo
reitor e alguns diretores de faculdade, sem que sejam ouvidos os conselhos
científicos e pedagógicos das faculdades envolvidas.
- Espantoso é falar-se ainda
que se tem como objetivo uma “governação
ágil e desburocratizada” quando esta reitoria é a maior de sempre, consome
mais de 11% do orçamento da universidade
(consome o equivalente à terceira maior faculdade, enquanto que nas outras universidades
as reitorias consomem entre 5 e 7% dos seus orçamentos), e ao criar regulamentos mastodônticos amplia a
teia burocrática, prejudicando a produtividade da universidade.