1. Reitor dialoga com as faculdades uma vez por mês
Diálogos mensais em cada Faculdade a realizar em anfiteatro e em sessão
aberta a todos os funcionários e estudantes, com a duração de uma
hora, ao fim da tarde, entre as 18 e as 19 hrs, com calendário previamente
conhecido, como por exemplo:
FAUP – 1ª segunda-feira
do mês; FBAUP – 2ª segunda-feira do mês; FCUP – 3ª segunda-feira do mês; FCNAUP
– 4ª segunda-feira do mês.
FADEUP – 1ª terça-feira
do mês; FDUP – 2ª terça-feira do mês; FEP – 3ª terça-feira do mês; FEUP – 4ª terça-feira
do mês.
FLUP – 1ª quarta-feira do
mês; FMUP – 2ª quarta-feira do mês; FMDUP – 3ª quarta-feira do mês: FPCEUP – 4ª
quarta-feira do mês.
ICBAS – 1ª quinta-feira
do mês.
(não podendo estar
presente, o reitor será substituído por um dos vice-reitores)
Estes diálogos, abertos e
descentralizados, permitirão ao Reitor sentir um pulsar da universidade complementar
ao pulsar sentido nas reuniões mensais com os diretores de faculdade. E o
Reitor deixará de ser, para quem mas não é diretor de faculdade, aquela figura
distante que mora lá longe no Largo dos Leões.
2. Reitoria transfere-se para o campus da Asprela
A localização atual da
reitoria distancia-a das faculdades: em vez de se situar num campus, a reitoria
está exilada no centro da cidade. É no maior dos campus da UP que faz sentido
estar a reitoria e esse é o polo da Asprela. Existe terreno para lá erigir
um edifício de moderada dimensão desenhado por Siza Vieira e/ou Souto Moura (os
Pritzkers da UP!). A reitoria poderá desde já e temporariamente ocupar parte do
edifício do I3S, da UPTEC, ou espaço disponibilizado por uma das faculdades do
polo da Asprela (pela enorme FEUP, por exemplo).
3. Edifício da reitoria passa a centro cultural
O edifício da reitoria
fica situado em pleno centro histórico e turístico da cidade, naquele que é também
o verdadeiro epicentro da zona mais movimentada do Porto nas noites de
quinta a domingo. A parte traseira da reitoria (a que está virada para o jardim
da Cordoaria) parece pouco ocupada e poderia ser desfrutada por cidadãos, turistas
e noctívagos que do boom turístico e cultural da cidade. Sendo a reitoria
transferida para o polo da Asprela, proponho que a UP guarde apenas o seu terço
fronteiro: o terço que se encontra em continuidade com a fachada tapada pelo gigantesco
outdoor da NOS. Isto significa que a UP manterá o salão nobre para atos solenes,
sendo o restante espaço desse terço fronteiro destinado à criação de uma sala
estúdio para o Teatro Universitário e de um conjunto de 6 grandes
espaços multivalentes para, por exemplo, vibrantes exposições temporárias que
tenham como base peças dos museus da UP. Para serem vibrantes, essas exposições
temporárias exigirão, cada uma delas, uma narrativa própria e inovadora, da
responsabilidade de um comissário, que possa atrair o visitante e, idealmente, sejam
realizadas em parceria com outras instituições culturais (o MSR e o CPF estão a
dois passos). Um museu da UP com uma coleção permanente só se justifica se a UP dispuser
de património tão valioso que, pela sua qualidade, se autossustentaria em público
ao longo dos anos. Não é este o caso do património museológico da UP. As
salas onde este património se encontra exposto encontram-se habitualmente às
moscas (nas visitas que lhes vou fazendo, encontro-me invariavelmente sozinho).
Ter sempre disponíveis nos Leões 6 espaços para atividades temáticas que mudem
em cada seis meses dará nova vida à marca UP e à cidade. Seria apropriado
que 2 desses espaços ficassem sempre a cargo de comissários nomeados pela
Faculdade de Belas Artes e pela de Arquitetura. Um espaço de sala-estúdio seria
entregue ao Teatro Universitário e seria também utilizado, nos intervalos da
apresentação das suas peças teatrais, para ciclos de cinema. Os restantes dois
terços do edifício da reitoria (os 2/3 traseiros) seriam alugados ou alienados à
iniciativa privada para utilização em atividades lúdicas. Seria esta parte
traseira e lateral do edifício ocupada, como efeito de âncora, por estabelecimentos
de fast-food e fast-drink (por exemplo: Starbucks, Hard Rock Café, Bar/snack
da FAP, McDonald’s, Nando’s, Lameiras, etc) e de produtos locais (vinhos
do Douro e do Porto, loja do FCP, empreendedorismo explicado e promovido por
balcão/loja da UPTEC). Poderia ainda ser criada uma esplanada interior ocupando o
claustro central do edifício, com palco para concertos noturnos de jazz, rock,
etc; e outra esplanada exterior poderia ainda ligar no verão a traseira do
edifício ao jardim da Cordoaria. Os sobrantes espaços interiores do edifício da
reitoria seriam dedicados a variadas atividades criativas, como para a
criação de uma residência internacional para escritores, músicos e artistas
plásticos.
4. Intervenção cívica da UP: elaboração de Livros Brancos temáticos
Tirando partido da
“expertise” da UP, rica em especialistas de várias áreas do conhecimento e de
várias profissões, a “terceira missão” da UP poderia compreender a elaboração
de documentos, do tipo do “Livro Branco”, a disponibilizar na net a todos os
cidadãos. A sua feitura seria encomendada pelo Reitor a equipas de professores, técnicos e
investigadores da UP que realizariam avaliação técnica de um problema
específico da vida nacional e/ou local. Por exemplo: seria solicitado a
professores da Faculdade de Direito para se pronunciarem sobre a
situação da Justiça em Portugal e sobre as reformas a empreender nesta área;
seria pedido a professores de Psicologia, Sociologia e disciplinas afins para
fazerem um levantamento crítico da pobreza, exclusão e marginalização social na
área metropolitana do Porto, seria pedido a professores de Economia
para se pronunciarem sobre a segurança social e a sua sustentabilidade;
seria pedido a professores de várias Faculdades para se pronunciarem sobre o
estado atual de descentralização da gestão pública em Portugal, sobre vantagens
e desvantagens da gestão de proximidade e da regionalização; seria pedido a
professores de Medicina e Economia para se pronunciarem sobre como viabilizar um serviço nacional de
saúde universal na era da medicina tecnológica, etc. Cada “Livro Branco”
seria apresentado em sessão pública, ficaria disponível na net e daria origem a
um conjunto de debates públicos. Esta
iniciativa seria mais um sinal de que a UP põe o seu saber técnico e as suas
propostas ao serviço da comunidade local e nacional. As grandes questões e as
grandes reformas da nossa vida pública não devem ficar em exclusivo nas mãos
dos políticos e de uma comunicação social que está em parte controlada por
grandes grupos económicos. Seria assim fomentada uma UP com voz ativa, respeitada e
independente, contribuindo para a busca de soluções para problemas que atingem
o nosso bem comum e a nossa vida comunitária, de modo a que o país e a região
se habituassem a ver na UP um parceiro ativo também fora das paredes das suas faculdades.
5. Conter o crescimento da reitoria
Como todas as
instituições com funções burocráticas, a reitoria tende a expandir progressivamente
os seus recursos, aumentando gastos e número de colaboradores. O último episódio
desta tendência foi a criação do CRSCUP em maio de 2013. O
CRSCUP surgiu numa altura em que não era possível nova contratação pública; a
solução encontrada pela reitoria da UP foi a de transferir funcionários
das faculdades para o seu serviço, ou pôr alguns destes funcionários sob a sua
alçada, tendo como finalidade, como foi na altura afirmado pela reitoria,
eliminar funções redundantemente efetuadas nas várias faculdades. Com esta
reforma centralizadora, poupar-se-iam recursos e ganhar-se-ia eficácia. Estas
transferências de funcionários dentro da UP, ampliando o pessoal da reitoria, ou
sob a sua direção, foram decididas sem ouvir os afetados e introduziram confusão,
conflito e a infelicidade na universidade. De facto, tem sido expressa insatisfação
por parte de funcionários que, de um dia para o outro, mudaram de hierarquia e
foram transferidos das suas faculdades para a reitoria e de outros que, ainda que
sediados nas suas faculdades, passaram a obedecer a uma hierarquia localizada à
distância, no largo dos Leões. Como resultado desta iniciativa da anterior equipa
reitoral, os almejados ganhos para a UP em produtividade e eficácia parecem
estar por demonstrar (como o atual reitor, enquanto diretor da FEUP, escreveu
no seu programa de candidatura). Acresce que a decisão de criar o CRSCUP, e o modo
como foi implementado, não teve a sensibilidade de ter em conta que um importante
componente da identidade de cada um de nós, funcionários da UP, é o afeto que
investimos na nossa ligação à entidade laboral. Essa ligação é feita com a
nossa faculdade e não com a entidade abstrata que é a UP, mesmo sendo todos nós
objetivamente funcionários da UP. Se de um momento para o outro nos cortam essa
ligação, passando nós de funcionários de uma instituição com identidade sólida
e estável (a faculdade) para outra de identidade difusa, mutável e
frequentemente assolada por “estados de alma” (a reitoria), é natural que o nosso
trabalho diário deixe de ser uma alegria. Para mais, é voz corrente na UP que a
qualidade da gestão de pessoal na reitoria é inferior à que se vai fazendo nas várias
faculdades.
Propostas pessoais sobre o
tema de contenção do crescimento da reitoria:
(i)
Ponderar a extinção do CRSCUP
devolvendo os funcionários transferidos para a reitoria às suas faculdades de
origem. Se rejeitada esta sugestão, propõe-se em alternativa o seguinte:
(ii)
Após consulta
com as faculdades, diminuir o CRSCUP ao número mínimo de funcionários que seja
estritamente necessário (tendo em conta m primeiro lugar as vantagens que advêm
da aplicação do princípio da subsidiariedade e da gestão de proximidade) e, em
consequência, devolver o maior número possível de funcionários às suas faculdades
de origem.
(iii)
A fim de
conter a tendência de crescimento burocrático da reitoria, aprovar como
recomendação do Conselho Geral o princípio orçamental de que reitoria
da UP não deve ultrapassar os gastos anuais de qualquer das suas faculdades.
6. Garantir a todos os estudantes o direito de escrutínio das
classificações que lhes são atribuídas
em avaliações académicas
Em todas as faculdades,
deve ser implementada a garantia de acesso gratuito do estudante a fotocópia das
suas provas escritas de avaliação, assim como das respetivas correções e das classificações
parcelares atribuídas pelo docente. Em todas as faculdades, também
instituir o direito do estudante contestar, de modo fundamentado, a nota que lhe
foi atribuída junto regente da disciplina e consagrar o direito de apelo
dessa decisão para o diretor ou vice-diretor do departamento em que a
disciplina é lecionada. Pode parecer desnecessário solicitar que se torne
obrigatório o respeito destes elementares direitos dos estudantes, mas infelizmente
não o é. Continua a ser tolerado pelos órgãos de gestão das faculdades o poder
discricionário de alguns professores em não dar acesso aos estudantes às
correções e pontuações das provas escritas. Só uma norma emanada do Reitor terá
força para erradicar estas atitudes de prepotência por parte de alguns docentes
da UP que, mesmo sendo ocorrências pontuais, envenenam o ambiente universitário
ao menorizar, aqui e acolá, o estatuto do estudante, limitando um dos seus
direitos fundamentais.
7. Subir acima de 50% a percentagem de estudantes que responde a
Inquéritos Pedagógicos (IPs)
É calamitosamente baixa a
atual percentagem de estudantes da UP que responde anualmente aos IPs: menos de
20 ou de 10% dos alunos, conforme as faculdades. Os IPs têm como objetivo recolher
uma opinião quantificada (scoring de 1 a 7) que é manifestada pelos estudantes
sobre a qualidade do ensino que lhes és oferecido em cada semestre e em cada
disciplina e por cada docente. Na verdade, hoje em dia os estudantes confessam-me
não verem qualquer vantagem em perder 4 a 6 horas a responder a um inquérito,
igual e repetido para as 5 ou 6 disciplinas do semestre, já que os resultados
globais dos inquéritos não são depois publicitados, nem é percetível que levem
a qualquer mudança no ensino. Para os professores que os resultados dos IPs
revelam ser são menos apreciados pelos seus estudantes, a baixa percentagem de
participação sustenta o seu argumento de que nenhuma ilação se pode tirar de
resultados de inquéritos a que respondem menos do que um em cada cinco
estudantes. E, no entanto, a opinião dos estudantes sobre os conteúdos das suas
disciplinas e sobre os seus professores é um parâmetro essencial para melhorar
o ensino universitário e se poder avaliar
a pertinência de cada disciplina e o
desempenho de cada professor. Na
UP instalou-se um generalizado “deixa andar” relativamente à (não) à cada vez
menor percentagem de estudantes que preenchem os IPs.
Estas são as soluções que
proponho:
1.
Os resultados
semestrais dos Inquéritos Pedagógicos passam a ter divulgação universal dentro da
comunidade UP através da sua intranet (“Sigarra”), de modo a que
estudantes e professores tenham acesso a essa informação e para que os
estudantes passem a poder concluir que vale a pena perder tempo a responder aos
IPs.
2.
Para aumentar
a participação dos estudantes no preenchimento dos IPs, proponho que sejam
tomadas as seguintes medidas:
(a) o estudante que preencha o inquérito semestral na totalidade recebe
como retribuição a subida em 1 valor da nota de uma das disciplinas (à escolha do
estudante e de entre aquelas em que obteve aprovação nesse semestre);
(b) as classificações só serão lançadas na ficha do estudante na intranet da
faculdade após este ter preenchido os IPs referentes ao semestre que
terminou. Assim, o preenchimento dos IPs passará a ser visto pelo estudante
como um dever académico, que de facto o é.
Uma das propostas
concretas do Reitor no seu Programa de Candidatura é a revisão do modelo de avaliação
docente. Todos os modelos de avaliação docente exigem um componente
sério de avaliação da qualidade do ensino ministrado aos estudantes. Se esta
avaliação, a realizar pelos estudantes, não existir, como atualmente sucede, vamos
ter professores com notas de “excelente” que derivam em exclusivo do número de
“papers” publicados e de funções de gestão exercidas; poderão estes mesmos “excelentes”
professores ser incompetentes na transmissão de conhecimentos que fazem
diariamente.
8. Propinas gratuitas para os melhores estudantes
Tirando partido da gestão
agilizada que é permitida pelo estatuto de fundação, a UP poderá dar um sinal
simbólico de apreciação da excelência académica revelada pelos seus melhores estudantes,
isentando os melhores dos melhores do pagamento de propina. Veja-se o recente exemplo
vindo da Universidade do Minho: No âmbito
de uma parceria entre a Universidade do Minho e empresas parceiras da área da
Engenharia, Construção Civil e Obras Públicas, foi criado um Programa de Bolsas
de Estudo em Engenharia Civil, de modo a atrair os melhores talentos para
estudos em Engenharia Civil. O programa consiste na atribuição de Bolsas de Estudo aos 15 melhores alunos que ingressem
no Curso de Mestrado Integrado em Engenharia Civil nos anos letivos de
2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017. A bolsa tem um montante igual ao valor anual
das propinas e será mantida durante os 5 anos do curso enquanto o aluno obtiver
uma classificação entre os melhores alunos do curso. Os estudantes selecionados
para as bolsas de estudo comprometem se a aceitar uma oferta de estágio
remunerado de um ano, após conclusão do curso, pelo mínimo de 2.5 vezes o
salário mínimo nacional, caso as empresas parceiras o decidam oferecer.
9. Incentivar a escolha de Erasmus; porquê a alta mobilidade entre
Portugal e Polónia?
Quem diria que a análise
de mobilidade de estudantes ao abrigo do Erasmus revelou que os estudantes
portugueses escolhem a Polónia em segundo ou terceiro lugar entre os países
europeus? E, também, que os polacos estão entre os estudantes que
mais realizam Erasmus em universidades portugueses. Porque será? Não há
afinidade linguística e a distância entre os dois países não é curta. Terá a
ver com laços comerciais relacionados com investimentos portugueses na Polónia
(Pingo Doce, Mota-Engil, Millenium, etc)? O bom que seria que todos os países
da Europa fossem, quanto ao Erasmus, como a Polónia! Perceber a razão de ser deste
fenómeno poderá identificar vias para que um número maior de estudantes da UP passe
a utilizar a mobilidade europeia durante o seu percurso académico, e também poderá
ajudar na definição de estratégias de promoção da escolha da UP por
parte de estudantes estrangeiros. Um estudo recente revelou que os
estudantes portugueses que fazem Erasmus são menos vitimados pelo desemprego do
que os que não o realizam. Mesmo que este achado reflita apenas um epifenómeno,
o incremento da mobilidade europeia de estudantes da UP e para a UP é um
objetivo que deve merecer particular atenção num país situado num cantinho do
extremo ocidental do continente.
10.
Aumentar cooperação com Brasil utilizando
professores da UP com
prestígio em terra de Vera Cruz
O Brasil é sempre apontado
como potencial parceiro de Portugal na cooperação académica, científica e
tecnológica. Infelizmente, os resultados de esforços feitos neste sentido têm ficado
aquém das espectativas. Têm sido realizadas sucessivas e onerosas visitas
(“missões”) transatlânticas de equipas reitorais e de dirigentes de faculdades
portuguesas ao Brasil sem que isso tenha resultado em grande incremento de
cooperação. Aos anteriores insucessos, soma-se agora a decisão do governo
brasileiro de não incluir o nosso país entre os possíveis destinos do novo
programa de financiamento de bolseiros universitários em mobilidade fora do Brasil.
Sendo o Brasil tão importante, e lembrando a vontade do reitor de apoiar
“embaixadores da UP”, porque não reunir aqueles que são professores da
UP prestigiados em universidades brasileiras e pedir-lhes ajuda? A UP tem entre
os seus quadros professores honoris causa por universidades
brasileiras e outros que têm sido repetidamente contratados como experts. Seria
oportuno criar uma “task force” constituída por estes professores da UP para ser
delineada uma nova estratégia de cooperação com o Brasil. Para identificar
estes professores, basta perguntar às várias faculdades quem eles são. Por
exemplo, nós no ICBAS temos entre nós professores que colaboraram com as
autoridades brasileiras no planeamento e montagem de estruturas de emergência
médica associadas ao mundial de futebol. É de lembrar que o próprio Reitor da
UP participou em convénios de engenharia entre os dois países relacionados com
os acordos de exploração de petróleo pela GALP no Brasil e ainda que o nosso
vizinho IPP estabeleceu um acordo de cooperação diretamente com o governo
brasileiro, como foi recentemente noticiado: IPP | Politécnico do Porto passa a ser interface entre Brasil e
Portugal na Inovação Tecnológica e Empreendedorismo. Rosário Gambôa, Presidente
do Instituto Politécnico do Porto (IPP), acaba de assinar em Brasília um
Memorando de Entendimento com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) do Brasil.
11.
Dar cor à UP
As universidades públicas
nacionais adotam o negro para os seus trajes académicos, talvez reflexo de um
tempo em que o ensino era essencialmente praticado em instituições
eclesiásticas. O negrume dos júris e cortejos académicos é soturno. Que alegria
quando um membro de júri, por se ter doutorado no estrangeiro, entra na sala de
atos com uma toga que tem cor! É altura da UP escolher uma cor para a sua
simbologia e abandonar o negro. Para o traje, para o papel timbrado,
para a insígnia. Alegremos a UP! Se fosse eu a escolher, seria a cor do sangue,
da vida e da alegria. O Reitor provavelmente escolheria o azul, apesar de ser a
cor da melancolia. Talvez escolhesse mesmo um azul com a sua inerente
melancolia atenuada na vertical por uma ou outra risca branca. Um azul vivo,
riscado ou não a branco, será mil vezes melhor do que o lúgubre negro.
12.
O mecenato substitui o corte de financiamento
do OE à da UP
É um óbvio “wishful thinking”. Mas porque não experimentar? Poderá, por exemplo,
ser tentado através de um mailing personalizado e criativo a dirigir aos 100
cidadãos mais ricos do país (particularmente aos que frequentaram a UP), assim
como às 100 mais importantes empresas (do norte, em particular), perguntando se
não gostariam que fosse criada uma cátedra
a perpetuar o seu nome, ou uma ala de faculdade, ou um anfiteatro, ou uma biblioteca,
etc, mediante uma razoável doação anual (por exemplo, o nome de uma cátedra
envolveria a doação de montante equivalente aos honorários anuais de um
professor, sendo que a doação poderia ser feita através de uma fundação). A
doação mecenática poderá também ser ampliada a quem não é milionário. Por
exemplo: a afixação de uma plaquinha
com o nome do doador numa cadeira de biblioteca, de anfiteatro ou de jardim da
faculdade poderia ser feita por doação de uns 200€ anuais. Esta última sugestão
poderá parecer ridícula, mas cadeiras com plaquinhas com nome de doador são
achados correntes no outro lado do atlântico (para além das mais óbvias cátedras,
alas e anfiteatros com dedicatória mecenática que todos já vimos em universidades
americanas).
13.
Tirar o melhor partido do património
imobiliário da UP
A UP tem edifícios no seu
património que foram resultado de doações, como a do arquiteto Marques da
Silva ou a da Casa de Pernambuco, e cujo aproveitamento em prol da comunidade
UP parece ser limitado ou é pelo menos pouco conhecido. Particular atenção a
Casa de Pernambuco, que pode no futuro funcionar como uma verdadeira Casa
do Brasil no Porto. Trata-se de edifício de qualidade arquitetónica elevada
e com grande potencial de utilização (tem espaços de auditório, biblioteca,
galeria de exposições e quartos para residência de bolseiros). A Casa de
Pernambuco está situada no polo do Campo Alegre e, apesar de o edifício estar acabado,
encontra-se vazio, à espera do findar de um longo processo de legalização que
permita a obtenção de licença camarária de habitabilidade. Dá dó ver um tão
belo e espaçoso edifício vazio e a degradar-se.
14.
A colaboração entre a UP e a Efacec como
paradigma da relação
a fomentar entre UP e empresas;
workshop da UPTEC
Em concurso aberto às
universidades portuguesas em 2013, a COTEC distinguiu a colaboração entre a UP
e a Efacec
pelo facto de englobar: “áreas com
potencial para transferência de conhecimento da universidade para a empresa e,
consequentemente, tem gerado novos produtos para a empresa […] com claros
benefícios para ambas as instituições aos níveis académico, científico e de
transferência de conhecimento.” Esta colaboração merecia ser mais divulgada
para servir de modelo a novas iniciativas que liguem a universidade ao tecido
económico local ou nacional. Também segundo a COTEC, as colaborações entre a UP
e a Unicer e a Mota-Engil
também são exemplares e por isso merecedoras de maior divulgação para que
sirvam de inspiração de novas colaborações entre a UP e empresas. Para
disseminar o espírito empresarial na UP, seria interessante trazer anualmente a
cada faculdade um workshop prático
em que numa manhã seria ensinado como se
pode criar e manter uma microempresa pessoal; este workshop prático poderia
ser lecionado por membros da UPTEC.
15.
Criar a Universidade Sénior da UP e não
excluir da universidade
os professores aposentados
Tenho alguma dificuldade
em perceber a razão que leva as universidades públicas a não criar, como as
privadas, universidades seniores. É que estas até poderão trazer de volta à UP
ex-alunos que depois se envolvam no mecenato e queiram ser generosos para com a
sua alma mater. A UP foi inovadora ao
criar a UP Júnior que, verão após verão, tem vindo a crescer. Acontece que o
nosso futuro enquanto país vai ser mais sénior do que júnior. Os velhos
precisam de espaços não só para novas
aprendizagens como para promover interação
social entre si (é um fator decisivo para se ser um longevo saudável). E
necessitam de espaços públicos também como ponto de encontro para
associativamente se precaverem contra eventuais movimentos ideológicos ou
governos que os queiram exterminar. São, claro, elucubrações de um sexagenário.
A propósito de seniores, que dizer da iníqua lei recentemente criada por um
governo “liberal” que suspende o
pagamento de reforma aos professores aposentados que colaborem graciosamente
em atividades de ensino e/ou investigação das universidades públicas? Bela
ajuda às universidades públicas, a somar ao terem sido um dos alvos
preferenciais dos cortes no OE! Alguém explicou ao governo (por exemplo, ao
senhor secretário do ensino superior) o estatuto do professor emérito? A UP já
manifestou publicamente o seu desagrado por esta medida legislativa?
16.
Olhar para a UC para melhorar a UP
A Universidade Católica
(UC) tem-se destacado entre as universidades privadas em flexibilidade e
inovação, nomeadamente através da criação de cursos em novas áreas necessárias
ao mundo de hoje e que ainda não existem na UP (audiovisuais, restauro de arte,
cinema, ciências da religião, etc), e também pela oferta de variadas formações
em horário pós-laboral, mestrados ensinados em inglês, assim
como por uma atitude pró-ativa na procura de emprego para os seus formandos,
tudo ações que não têm grande paralelo na UP. Ter uma gestão que também é
inspirada por boas decisões feitas em outras universidades, é algo que me
parece aconselhável à UP. Mesmo estando o essencial do nosso financiamento
assegurado pelo OE, a UP não se pode dar ao luxo de olimpicamente ignorar a
inovação que vai sendo feita em outras universidades, antes deve ter em
permanência um observatório da concorrência que avalie a pertinência de
introduzir na UP mudanças que tem tido sucesso noutras universidades.
17.
Como subir no ranking de Xangai?
A UL substituiu a UP como
a universidade portuguesa melhor classificada no ranking de Xangai. Isso
deveu-se a uma simples operação de aritmética: foi criada uma nova universidade
em Lisboa fundindo duas anteriormente existentes, fez-se a soma de dados e
assim se ultrapassou a UP. Mais importante do que a posição no ranking é a densidade
ou espessura de cada universidade (a sua produtividade per capita) e,
neste aspeto, universidades mais pequenas do que a UP em estudantes e docentes,
como a UA e a UM, e por isso situadas bem abaixo no ranking de Xangai, têm tido
um progresso mais rápido do que a UP em produtividade per capita. A UA e a
UM têm fama de ser mais ágeis, inovadoras e melhor entretecidas com a economia
local do que a UP. Existem dois modos rápidos para a UP subir no ranking de
Xangai: (i) pela aritmética, através da fusão com outras universidades
(criando, por exemplo, a Universidade do Norte); (ii) pela contratação de 2 ou 3 prémios
Nobel (fator importante no ranking) como professores visitantes da UP.
O modo difícil e lento de subir no ranking é aumentando a produtividade per
capita. Nem sempre as soluções rápidas são as que interessam.
18.
Incentivar redes multipolares de criação de conhecimento
entre
as várias faculdades da UP
O conhecimento hoje
faz-se em rede. No que respeita ao progresso da ciência, já ninguém duvida das
vantagens da cooperação entre equipas multidisciplinares. A UP poderá sinalizar
a importância que dá a essas colaborações multipolares galardoando, ou chamando
a atenção, para artigos científicos reunindo autores de pelo menos 3 faculdades ou
institutos diferentes. Se esses artigos envolverem também equipas
estrangeiras, então será mesmo ouro sobre azul: sem financiamento europeu, a
obter através do Programa 2020, a produtividade científica da UP irá seguramente
decrescer no futuro próximo e nossa posição no ranking de Xangai baixar.
19.
Dia da UP a comemorar-se ao fim de semana e
incluindo os
“Prémios do Reitor”
Confesso que estou
cansado de todos os anos ter alunos a dizerem-me que têm a sua falta à última
aula prática de Anatomia automaticamente justificada por “ter sido dia da
universidade”. Trata-se de uma cerimónia que se realiza em dia de semana no
salão nobre da reitoria. É iniciada por cortejo de professores em soturno traje
académico, seguido de discursos de várias figuras da UP, ou a ela ligados, ou
por ela convidados para a ocasião, sendo a última preleção da responsabilidade
do Reitor. É um (talvez) interessante ato simbólico. No entanto, o dia
da universidade não deve implicar a paragem de toda a UP
durante um dia inteiro. É que a UP não cabe no salão nobre da sua
reitoria. Se o dia da universidade passar a ser comemorado ao fim de semana,
deixará este ato simbólico de causar entropia no funcionamento da universidade;
quase dá vontade de proclamar “deixem-nos trabalhar”, como dizia um antigo
acionista da SLN/BPN. O dia da UP também poderá servir para o Reitor anunciar e
entregar os “Prémios do Reitor” àqueles que, por escolha pessoal do Reitor
-- sejam pessoas, grupos de pessoas, etc, -- mereçam ser destacados perante a
comunidade UP como paradigmas a aplaudir.
20.
Um desejo para o futuro, receber a
mensagem seguinte do Reitor:
“Porque a UP ultrapassou
claramente os objetivos propostos para este ano, a todos os seus funcionários será
atribuído um bónus no fim do mês”.