Na ausência, pelo menos
até 10 de outubro, de um programa concreto de gestão da UP para os próximos 3
anos e 8 meses, fui procurar medidas concretas contidas no Programa de
Candidatura do senhor Reitor (“Antecipar
o futuro, ousar a mudança”).
Transcrevo em baixo as ações
concretas (ou quase concretas) que fui capaz de identificar após releitura do citado
programa, naturalmente excluindo da minha transcrição as numerosas (e louváveis)
afirmações de bons princípios e boas intenções (ou seja, afirmações de âmbito
geral, mas de concretização não especificada, com as quais a comunidade UP
estará certamente de acordo).
Estas afirmações, como é
natural, constituem o grosso do programa “Antecipar
o futuro, ousar a mudança” que é apresentado como um “…programa de inclusão, feito de ambição, energia, transparência e
estratégia…” [pg 10] elaborado por quem tem “… motivação para ocupar o cargo, fruto dos mais de 41 anos de
dedicação plena aos valores universitários universais, projetados na U.Porto…” [pg.15
e repetido no Epílogo, pg.67]. (Relativamente a esta última afirmação,
lembrei-me que nos USA ninguém chega a reitor, ou mesmo a diretor de
departamento, na universidade onde fez o seu anterior percurso académico; no
nosso país é ao contrário: os reitores têm sido eleitos sempre entre os
professores da própria universidade, mesmo que o RJIES preveja candidaturas
externas).
O que se segue é a
identificação que fui capaz de fazer de ações concretas contidas no Programa
Eleitoral do Reitor. Trata-se obviamente de um trabalho pessoal meu e, como
tal, subjetivo e discutível.
1. Quatro Ações
Na página 11 são listadas
quatro ações (sob a epígrafe “Fatores
humanos – pessoas e suas envolventes” contida na secção “Sumário Executivo”):
“(i) promoverei a organização do Congresso U.Porto – “para dar
espaço e oportunidade alargada de participação e debate interno à comunidade,
sem prejuízo de aproveitar também o momento para receber personalidades
externas convidadas a dar a sua visão sobre os problemas da universidade;” “…possivelmente para finais de 2015…” [pg. 25]
“(ii) suscitarei a revisão do modelo de avaliação docente”.
“(iv) avançarei com a requalificação de envolventes externas dos
campi, à semelhança do processo de requalificação em curso para a zona da Asprela.”; com “…o objetivo de
médio prazo de recuperação da Quinta de
Lamas.” [pg.26]
(O número (iii) deste
conjunto de 4 ações apresenta uma afirmação geral que, como acima indiquei, não
faz parte do objetivo desta minha recolha pessoal de acões concretas, ou seja: “defenderei o trabalho e procurarei soluções
equilibradas de harmonização e convergência de enquadramento profissional e
assistencial dos quadros técnicos, no essencial, harmonização de direitos e
deveres;”)
2. Investigação
“Será criado um Gabinete Horizonte 2020.” [pg. 12]
3. Governação e Gestão Política
“Com a devida coordenação global, uma governação descentralizada,
responsabilizada, com pelouros bem definidos da equipa reitoral;” [pg. 14] “A trajetória próxima da U.Porto
desenvolver-se-á naturalmente em sintonia e no respeito pelas linhas de
orientação aprovadas. Ocorrerá pois num
continuum, com uma evolução mais ou menos acelerada, de forma que
coletivamente a Comunidade da U.Porto entenda prosseguir.” [pg. 18]
4. Formação
“Oferta crescente de plataformas e de formação através da Web, como os MOOC – Massive
Open Online Courses…” [pg. 34].
5. Cultura e Património
“Estudarei empenhadamente a viabilidade da criação
da Orquestra Clássica da Universidade do
Porto;” [pg.49] “Apoiarei a consolidação do programa museológico da U.Porto, em
curso, envolvendo de uma maneira
integrada todos os museus existentes, incluindo o museu virtual já
instalado,…” [pg. 49] “A instalação
do Museu da U. Porto, em várias
localizações, [pg. 59]
“ A recuperação do Estádio
Universitário é uma prioridade.” [pg. 53]
“…A U.Porto tem um conjunto muito importante de edifícios e equipamentos
científicos e sociais, como sejam o Círculo
Universitário, a Casa Burmester,
a Casa Andersen, o Jardim Botânico do Porto, a Estação Zoológica Marítima, o Planetário do Porto, a Fundação Instituto Marques da Silva e o
estádio universitário, prof. Jayme
Rios de Souza.” [pg. 59] (E, já agora, acrescento eu: a Casa de Pernambuco)
“Muito deste património com grande valor
histórico e/ou material é gerido pelas Unidades Orgânicas e/ou serviços
autónomos, mas será necessário um programa
e um plano de investimento em infraestruturas, central ou articulado com a
Reitoria, e em algumas das intervenções também articulado com a autarquia, que
é crucial para manutenção e melhoria das nossas condições de trabalho.”
[pg. 60]
6. CRSCUP
“O funcionamento do CRSCUP iniciou-se em maio de
2013, estando por esta razão ainda numa fase de estabilização e estando os seus
principais utentes, as Unidades Orgânicas, ainda numa fase expectante de avaliação.” [pg. 61] “Pela minha experiência da gestão da FEUP, sendo que em vários aspetos o CRSCUP já conduzia a melhorias
procedimentais, ainda não provou ganhos
de eficácia global de funcionamento. Em particular, ainda não se agilizou a
devida articulação dos serviços com as direções das Unidades Orgânicas e
subsiste o problema da gestão de recursos humanos, resultante de termos pessoas
com diferentes articulações hierárquicas a trabalharem lado a lado.” [pg.
62]
Naturalmente, o senhor
Reitor terá mais objetivos concretos a atingir durante a sua gestão da UP do
que aqueles que eu fui capaz de extrair da leitura do seu Programa de
Candidatura “Antecipar o futuro, ousar a
mudança”.
Para que a comunidade UP possa
conhecer quais são esses objetivos terá que aguardar que o seu Conselho Geral
(CG), estatutariamente responsável pela aprovação do “plano de ação para o
quadriénio do mandato do Reitor”, receba das mãos do senhor Reitor o seu
programa de atuação.
Isso possivelmente acontecerá
na reunião do CG marcada para 10 de outubro, mais de 5 meses após a eleição do
Reitor e mais de 100 dias após a sua posse.
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