Exmo. Senhor
Reitor-Eleito da UP
[dando conhecimento aos
membros do CG e da comunidade da UP, em geral]
Na minha viagem prandial de
hoje, a caminho da rua do Bonjardim, surpreendeu-me ver descoberta a frontaria
do edifício da Reitoria da UP. Curioso, interroguei alguns daqueles que costumam
estar no segredo dos deuses sobre a razão de ser desta súbita nudez. Asseguraram-me
em uníssono que o desaparecimento do gigantesco
cartaz publicitário é transitório e o mesmo reaparecerá após a posse do
novo Reitor; mais, indicaram-me que a recolha temporária do cartaz seria
resultado de pedido do Reitor-Eleito ao não considerar digno que o ato da tomada
de posse de um novo Reitor venha a ter lugar numa Reitoria de cara coberta; ultrapassado
o ato solene, fui elucidado, o cartaz voltará aonde estava para cumprir o acordado
prazo de seis meses de publicidade.
Como seu conselheiro avant la lettre gostaria, Senhor
Reitor-Eleito, de submeter à sua consideração um conselho sobre esta situação,
isto se o cartaz tiver, de facto, sido retirado para regressar a breve prazo.
Se não for esse o caso, e o cartaz tiver definitivamente desaparecido, não
perca um segundo mais com a leitura desta minha mensagem e veja-a como um
irreprimível ato meu de franqueza, ou mesmo como resultado daquilo que o Senhor
Presidente do Conselho Geral já apelidou (e bem, segundo a minha mulher, que é
psicanalista) como resultado da minha crónica “ansiedade de participação”
(prefiro que disso me acusem do que do seu contrário).
Aqui vai o meu conselho
(que está em síntese no título desta minha mensagem): andar a tirar o cartaz para
voltar a pô-lo no mesmo sítio é uma ação que, ainda que justificada por razões
simbólicas, irá dar uma esfrega numa ferida fresca que a comunidade UP está a cicatrizar.
É que mais importante que o simbólico é o factual, e o factual é que o cartaz
para lá voltará. Ou se tira de vez ou se deixa ficar. Tirar e pôr, empola. E poderá
dar a (falsa) ideia de que o Reitor-Eleito privilegia o simbólico sobre o
factual, o parecer em desfavor do fazer.
Aliás, e a meu ver, a questão
do cartaz é passado e foi bem esclarecida pelo Senhor Reitor na última reunião
do Conselho Geral da UP. Fiz-lhe diretamente alguns pedidos de esclarecimento a
este respeito nessa reunião de 23 de maio (fui o único a fazê-lo) e, pelo menos
para mim, ficou claro que a iniciativa era mais da CMP, através do programa
“Porto com Pinta”, do que da UP que, como outras instituições da cidade, a aderiu
a este programa. Penso, e disse-o na reunião, que a afixação deste tipo de
cartazes publicitários gigantescos se tornou hoje em sinal de cosmopolitismo (a
última vez que vi uma situação semelhante foi em Milão com a cobertura pela
Samsung de uma parede lateral da belíssima catedral da cidade, presumo que feita
também por troca dos custos de reabilitação do monumento; o que, confesso-o, não
me ofendeu nem ofende). O contrato foi feito por entidades legítimas (CMP e
UP), cumpra-se e esqueça-se o assunto.
E passemos ao que
interessa: ao entusiasmo que vai trazer à UP o programa de ação de um novo Reitor
cheio de novíssimas ideias, algumas delas nunca antes apresentadas (como a da
orquestra sinfónica da UP). A minha “ansiedade de participação” faz-me sofrer a
angústia dos dias de espera até poder ter a felicidade de ler o programa concreto
de ação que o novo Reitor nos apresentará. É que quero pôr à disposição do
Senhor Reitor, como membro da UP e como seu conselheiro, as inúmeras ideias que
eu e muitos de nós na comunidade UP temos para melhorar a nossa Universidade, que
é um excelso exemplo de instituição da Sociedade Aberta em que o debate de
janelas patentes e a participação de todos só traz ganhos acrescidos.
Este é um tempo de enorme
esperança!
Apresento-lhe os meus
melhores cumprimentos,
Artur Águas
PS: quando o Senhor Presidente
do CG anunciou na reunião passada (23 de maio) que marcara a tomada de posse do
novo Reitor para 27 de junho, esclareci-o de imediato que, por compromisso
anteriormente assumido, não poderei estar no Porto nesse dia. É que estarei a
participar no Congresso Europeu de Anatomia Clínica (área a que dedico a minha
atividade de ensino e de investigação), pago por projeto da FCT (e não pago pelo
ICBAS ou pela UP) e viajando de Ryanair (e para ser completo: em congresso a
decorrer numa ilha da Croácia, ao largo de Rijeka, o que não será de todo
desagradável). Assim, não podendo estar presente no seu ato de posse,
apresento-lhe, Senhor Reitor-Eleito, os meus votos das maiores venturas que
serão também a