terça-feira, 17 de junho de 2014

Tirar e voltar a pôr, empola ! [carta ao Reitor-Eleito sobre o Cartaz Publicitário)

Exmo. Senhor Reitor-Eleito da UP
[dando conhecimento aos membros do CG e da comunidade da UP, em geral]

Na minha viagem prandial de hoje, a caminho da rua do Bonjardim, surpreendeu-me ver descoberta a frontaria do edifício da Reitoria da UP. Curioso, interroguei alguns daqueles que costumam estar no segredo dos deuses sobre a razão de ser desta súbita nudez. Asseguraram-me em uníssono que o desaparecimento do gigantesco cartaz publicitário é transitório e o mesmo reaparecerá após a posse do novo Reitor; mais, indicaram-me que a recolha temporária do cartaz seria resultado de pedido do Reitor-Eleito ao não considerar digno que o ato da tomada de posse de um novo Reitor venha a ter lugar numa Reitoria de cara coberta; ultrapassado o ato solene, fui elucidado, o cartaz voltará aonde estava para cumprir o acordado prazo de seis meses de publicidade.

Como seu conselheiro avant la lettre gostaria, Senhor Reitor-Eleito, de submeter à sua consideração um conselho sobre esta situação, isto se o cartaz tiver, de facto, sido retirado para regressar a breve prazo. Se não for esse o caso, e o cartaz tiver definitivamente desaparecido, não perca um segundo mais com a leitura desta minha mensagem e veja-a como um irreprimível ato meu de franqueza, ou mesmo como resultado daquilo que o Senhor Presidente do Conselho Geral já apelidou (e bem, segundo a minha mulher, que é psicanalista) como resultado da minha crónica “ansiedade de participação” (prefiro que disso me acusem do que do seu contrário).

Aqui vai o meu conselho (que está em síntese no título desta minha mensagem): andar a tirar o cartaz para voltar a pô-lo no mesmo sítio é uma ação que, ainda que justificada por razões simbólicas, irá dar uma esfrega numa ferida fresca que a comunidade UP está a cicatrizar. É que mais importante que o simbólico é o factual, e o factual é que o cartaz para lá voltará. Ou se tira de vez ou se deixa ficar. Tirar e pôr, empola. E poderá dar a (falsa) ideia de que o Reitor-Eleito privilegia o simbólico sobre o factual, o parecer em desfavor do fazer.

Aliás, e a meu ver, a questão do cartaz é passado e foi bem esclarecida pelo Senhor Reitor na última reunião do Conselho Geral da UP. Fiz-lhe diretamente alguns pedidos de esclarecimento a este respeito nessa reunião de 23 de maio (fui o único a fazê-lo) e, pelo menos para mim, ficou claro que a iniciativa era mais da CMP, através do programa “Porto com Pinta”, do que da UP que, como outras instituições da cidade, a aderiu a este programa. Penso, e disse-o na reunião, que a afixação deste tipo de cartazes publicitários gigantescos se tornou hoje em sinal de cosmopolitismo (a última vez que vi uma situação semelhante foi em Milão com a cobertura pela Samsung de uma parede lateral da belíssima catedral da cidade, presumo que feita também por troca dos custos de reabilitação do monumento; o que, confesso-o, não me ofendeu nem ofende). O contrato foi feito por entidades legítimas (CMP e UP), cumpra-se e esqueça-se o assunto.

E passemos ao que interessa: ao entusiasmo que vai trazer à UP o programa de ação de um novo Reitor cheio de novíssimas ideias, algumas delas nunca antes apresentadas (como a da orquestra sinfónica da UP). A minha “ansiedade de participação” faz-me sofrer a angústia dos dias de espera até poder ter a felicidade de ler o programa concreto de ação que o novo Reitor nos apresentará. É que quero pôr à disposição do Senhor Reitor, como membro da UP e como seu conselheiro, as inúmeras ideias que eu e muitos de nós na comunidade UP temos para melhorar a nossa Universidade, que é um excelso exemplo de instituição da Sociedade Aberta em que o debate de janelas patentes e a participação de todos só traz ganhos acrescidos.

Este é um tempo de enorme esperança!

Apresento-lhe os meus melhores cumprimentos,
Artur Águas

PS: quando o Senhor Presidente do CG anunciou na reunião passada (23 de maio) que marcara a tomada de posse do novo Reitor para 27 de junho, esclareci-o de imediato que, por compromisso anteriormente assumido, não poderei estar no Porto nesse dia. É que estarei a participar no Congresso Europeu de Anatomia Clínica (área a que dedico a minha atividade de ensino e de investigação), pago por projeto da FCT (e não pago pelo ICBAS ou pela UP) e viajando de Ryanair (e para ser completo: em congresso a decorrer numa ilha da Croácia, ao largo de Rijeka, o que não será de todo desagradável). Assim, não podendo estar presente no seu ato de posse, apresento-lhe, Senhor Reitor-Eleito, os meus votos das maiores venturas que serão também a

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