quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Avaliação Anual dos Docentes na UP: Entradas de Leão, Saídas de Sendeiro

Como se os docentes universitários não fossem sujeitos a avaliação durante a sua carreira profissional, todos nós fomos assediados há uns quatro anos “pela urgente necessidade da Reitoria receber da parte das Unidades Orgânicas fórmulas para quantificar a prestação anual dos seus docentes”.
Criaram-se comissões, fizeram-se reuniões, elaboraram-se-se fórmulas, realizaram-se simulações. Ao fim de um par de anos de intenso trabalho, generalizadas discussões e múltiplos plenários, cada Faculdade lá conseguiu criar a sua fórmula particular. Cada fórmula mais esdrúxula e inaplicável do que a anterior, todas mais ou menos inspiradas ou derivadas da inenanarrável e primacial fórmula criada pela FEUP. Tudo fórmulas, claro, bem blindadas para que os docentes (não somos burros!) tenham o direito, caso não gostem do resultado numérico dado pela aplicação da fórmula, a recursos e contra recursos que adiem a decisão classificativa até à ao dia do Juízo Final.
Como já devíamos ter sido avaliados em 2014 e em anos anteriores, a Reitoria resolveu, para cumprir o calendário burocrático, que “todos os docentes da UP são classificados com suficiente menos de 2010 a 2014”. Oh !

Finalmente a boa nova chegou: a Reitoria acaba de informar as Faculdades de que haverá avaliação dos docentes relativamente a 2015.

E informou também que depois de 2015 a avaliação será de 3 em 3 anos. Ah !

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Política para o Ensino Superior e Ciência Definida pelo Ministro Manuel Heitor

Na reunião da sexta-feira passada (19 de fevereiro de 2016), convocada pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, foram distribuidos documentos que divulgam a política do governo para estas áreas. Os documentos estão acesíveis nos links que se seguem.
Financiamento do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia pelo OE de 2016:
Nova Política de Avaliação de Ciência e Tecnologia pela FCT:
Carta de Princípios da FCT:
Apresentação da Reunião:
Ciência para Todos:

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Subjetividade Domina Futura Avaliação de Projetos pela FCT?

Na sexta-feira passada foram convocados para reunião em Lisboa com o ministro Manuel Heitor os diretores de Unidades de Investigação para lhes ser apresentada a nova Política de Ciência do governo.
O essencial dessa reunião vem relatado em notícia publicada pelo Público no sábado passado, a qual se pode ler neste “link”:

Dessa notícia retiro seguinte extrato:
“…explica Manuel Heitor. Além da Carta de Princípios de orientação para a FCT divulgada na semana passada, a tutela definiu uma outra “questão crítica” que vai balizar a nova avaliação: a quantidade da produção científica deixará de ter a mesma preponderância, sendo privilegiado o conteúdo do trabalho dos investigadores. O ministro defende que, com esta decisão, se limita a seguir uma “prática internacional”, que tem secundarizado os indicadores bibliométricos em contexto de avaliações de centros de investigação, dando relevância à “análise do conteúdo da investigação pelos pares”, diz, citando como exemplos a Declaração de São Francisco, de 2012, e o Manifesto de Leiden, do ano passado, onde a comunidade científica internacional se mobilizou contra o peso excessivos dos indicadores de publicações científicas.

É para mim muito preocupante ler que a futura avaliação das candidaturas a financiamento de projetos pela FCT será baseada em primeiro lugar no “conteúdo” do trabalho dos investigadores e, só secundariamente, terá em conta os indicadores bibliométricos.
Segundo o ministro serão os pares quem definirão “o conteúdo do trabalho dos investigadores” a avaliar. Mas o que é o “conteúdo”, essa palavra vaga, sendo a publicação (“os indicadores bibliométricos”), que é um dado objetivo e mensurável, “secundarizada” ?

Vamos abrir a porta para, à pala da ”análise de conteúdo”, avaliações subjetivas feitas pelos pares, que estarão autorizados (recomendados?) a minimizar o critério objetivo da publicação científica e da sua qualidade relativa?

Não se correrá o perigo de que haja “conteúdos” de primeira e de segunda, sendo, por exemplo, que de primeira serão apenas os “conteúdos” propostos por cientistas aglutinados nos cada vez maiores Centros, que resultaram da fusão de Laboratórios Associados?
A meu ver a análise bibliométrica, não devendo ser o único critério, não pode ser secundarizada na avaliação das candidaturas a financiamento de projetos científicos à FCT.
Mate-se o “conteúdo” e a subjetividade que está implícita nesta palavra! Toda a decisão que é sujeita sobretudo a critérios subjetivos é lenha que acaba a alimentar as fogueiras com que os lobbies arrecadam os nossos dinheiros públicos.
A investigação científica merece avaliação objetiva da sua qualidade.
O CG da UP tem, a meu ver, como a sociedade em geral, o dever de se pronunciar sobre a nova Política de Ciência apresentada pelo ministro Manuel Heitor.

É assunto que propus para discussão do Conselho Geral da UP na sua próxima reunião (11 de março).

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Nuno Grande e Corino Andrade com Bustos nas Biomédicas (ICBAS)

A direção do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS) decidiu homenagear a memória dos seus dois fundadores (apoiados em 1975 pelo Reitor Ruy Luís Gomes na criação do ICBAS), através da encomenda ao Escultor Hélder Carvalho de um busto de cada um destas duas insignes figuras da Universidade e da Ciência. Estas peças escultóricas ficarão localizadas no átrio de entrada do edifício de acesso ao complexo de edifícios do ICBAS e da Faculdade de Farmácia, junto ao Palácio de Cristal. A inauguração será na próxima quarta-feira, dia 23 de fevereiro, pelas 12 hrs

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Reitor atribui exploração da Casa Primo Madeira à IBERSOL

Acabo de receber do Senhor Reitor convite para cocktail no dia 24 de fevereiro para celebrar o primeiro dia da exploração comercial pela IBERSOL da Casa Primo Madeira (ao Campo Alegre), onde há anos funcionava o antigo Circulo Universitário do Porto.
O convite pode ser lido aqui:

Recordo que a Casa Primo Madeira foi genialmente restaurada pelo Arquiteto Távora e é, portanto, um edifício emblemático da UP, pelo que a sua reabertura deve ser saudada.

Acresce que, tendo em conta a reconhecida qualidade gastronómica que a IBERSOL proporciona nas nossas autoestradas, é seguramente grande a espectativa da comunidade UP para, citando o convite do Senhor Reitor, “ter a oportunidade de conhecer as propostas gastronómicas do novo Clube Universitário do Porto”.


No meio de tantas alegrias, só fico um pouco triste que se dê o nome de “Clube Universitário do Porto” a uma adjudicação comercial decidida pelo Senhor Reitor, já que fere as boas memórias que tenho dos tempos passados no antigo “Clube Universitário do Porto”, gerido por professores da UP.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

11 de Abril: Eleição de Representantes dos Estudantes no Conselho Geral

(recebi da Dra. Joana Magalhães, médica recém-formada pelo ICBAS e membro do atual CG, a informação que passo a divulgar de seguida)

No dia 11 de abril de 2016, realiza-se o ato eleitoral para a eleição dos representantes dos estudantes no Conselho Geral da Universidade do Porto. O documento explicativo deste ato eleitoral pode ser lido neste link:
https://drive.google.com/file/d/0B0Hxw1-OkthJQ3hTbmdSUGMtY28/view?usp=sharing
O Conselho Geral é um dos três órgãos de governo da Universidade do Porto, tendo entre as suas competências a eleição do Reitor e a aprovação do orçamento e do relatório de atividades da instituição, entre outras.
De notar que as listas candidatas ao processo eleitoral terão de ser entregues até ao dia 8 de março de 2016.
Mais informações em:
https://sigarra.up.pt/up/pt/conteudos_geral.ver?pct_pag_id=18287&pct_paramet
ros=p_pagina%3D18287&pct_grupo=31426#31426
. Ou em
https://www.facebook.com/eleicoesestudantesCG.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

IST domina grupo de decisores políticos do financiamento da ciência em Portugal

(mensagem enviada ao Reitor e Membros do CG)

Foi hoje noticiada a nomeação dos responsáveis pela FCT, a instituição que decide o financiamento público da investigação científica em Portugal. O ministro Manuel Heitor, do IST, nomeou como presidente da FCT. Paulo Ferrão, do IST, como vice-presidente, Miguel Castanho, da FML, e como vogais, Isabel Ribeiro, do IST, e Ana Sanchez, do ITQB.

Não há IST e T a mais nesta equipa que vai gerir o financiamento científico em Portugal?

Não devia o CG da UP criticar publicamente esta concentração de decisores do IST na política de financiamento da investigação científica no nosso país? Ou só devemos pronunciar-nos sobre assuntos cá da paróquia?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Contribuição para o Plano Estratégico da UP

(mensagem enviada por email ao Reitor e membros do CG)

Na sua próxima reunião (11 de março), o CG será previsivelmente chamado a apreciar o documento do Reitor “Plano Estratégico U.Porto 2020”. Trata a gestão da UP de 2016 a 2010 (já agora, a datação é incongruente com o facto do mandato do Reitor terminar em 2018). A meu ver, melhor fora que o documento se intitulasse “Plano de Gestão Corrente da U.Porto” já que se limita a enumerar o que se faz atualmente na UP e a antever metas para próximos anos também daquilo que já se faz hoje na UP. Confesso que tive dificuldade em identificar uma visão estratégica entusiasmante ou o avanço de novas ideias para o futuro da UP; li um enunciar de boas intenções gerais, um repositório de truísmos que me pareceu parco em concretizações (“de boas intenções…”). O que está refletido, por exemplo, na escolha lexical do resumo (5.4, “Iniciativas a desenvolver pela U.Porto no período 2016-2020”, pgs 30-35) em que a palavra mais usada é “promover” (50 vezes!), em vez de “iniciar”, “criar” ou “eliminar”, como esperaria ver num plano definindo a linha estratégica pessoal que o Reitor propõe à sua Universidade. Mas esta minha leitura crítica deve estar errada, já que o documento recebeu parecer favorável do Senado na sua reunião de dezembro passado. Em coerência com esta minha leitura crítica deste plano estratégico, apresento de seguida uma contribuição pessoal para consideração pelo CG e pela comunidade UP sobre a estratégia da Universidade para o futuro.

  1. Criação da UMP através da Ligação da UP ao Instituto Politécnico do Porto (IPP).
As duas instituições do Ensino Superior Público do Porto vivem de costas voltadas, em vez de potenciarem as suas capacidades formativas. Em parte isto poderá ser fruto da conhecida altivez das Universidades portuguesas relativamente aos Politécnicos. Numa área de atividade -- a da investigação -- tem todavia havido a criação espontânea de laços entre professores da UP e do IPP: nos últimos anos tem sido mais frequente a participação conjunta de professores da UP e do IPP em unidades de investigação reconhecidas pela FCT e também em equipas de investigação de projetos científicos. A meu ver, será útil à UP criar uma forte parceria com o IPP no ensino pré e pós-graduado através da formulação conjunta de:
Cursos de Licenciatura e de Mestrado Integrado, com a participação de docentes de ambas as instituições.
Cursos de Doutoramento, com a participação de docentes de ambas as instituições, ainda que, de acordo com a lei, só a Universidade possa atribuir este grau.
Cursos Intensivos de Atualização Prática em várias áreas, nomeadamente naquelas em que há valências complementares na UP e no IPP (por exemplo, exemplificando com a minha área, cursos de formação de equipas de emergência médica ou de bloco cirúrgico).
Seria uma boa estratégia para o futuro da UP que na cidade houvesse apenas a Universidade Metropolitana do Porto (UMP) juntando UP e IPP. Ganhava-se em sinergias, subia-se nos rankings, e até poderia justificar uma candidatura à Presidência da República.

  1. Subsidiariedade como Princípio Dominante da Gestão da UP.
Descentralizar as decisões para o nível mais próximo de quem por elas é afetado, este é o princípio estratégico que deveria nortear a filosofia de gestão da Reitoria no seu dia a dia. Ou seja, de cada vez que um membro da equipa de gestão da UP se prepara para tomar uma decisão, deve perguntar-se se não haverá outra entidade que seja mais próxima daqueles a quem a sua decisão interessa, para que seja essa entidade a decidir, em vez de um distante gestor com gabinete nos Leões. Sendo a subsidiariedade pedra basilar da Comunidade Europeia, infelizmente esta não é a filosofia mais praticada pela Reitoria e até pelas Faculdades. Decidir (desnecessariamente) pelos outros, esse é o princípio que mais vez preside à gestão universitária na UP. É um recente exemplo desta má prática centralizadora, a decisão da Reitoria de encurtar o calendário do próximo ano letivo, com o encerramento, obrigatório em todas as Faculdades, a 23 de junho (em vez de a 31 de julho) e consequente redução do número de semanas de aulas para 13 em todas as Faculdades, com corte para metade da extensão das épocas de exame em todas e cada uma das Faculdades. Porquê? Qual a vantagem desta decisão vinda de cima e que a todos obriga, qualquer que sejam as suas necessidades específicas? É que até dá vontade de repetir o conhecido desabafo “deixem-nos trabalhar” !

  1. Universidade Noturna.
Pedir a todas as Faculdades para que criem cursos de Mestrado ou de Atualização em regime exclusivamente pós-laboral, cursos esses cujas propinas permitam a sua auto-sustentação e eventual pagamento de suplemento salarial aos docentes que estiverem disponíveis para fazer ensino em horário de fim de tarde, noite e fim de semana.

  1. Cursos Lecionados em Inglês.
Pedir a todas as Faculdades para fazerem a experiência de criar cursos com ensino exclusivamente em inglês, sejam eles práticos, intensivos ou mais longos. Seriam inicialmente cursos para poucos estudantes, possivelmente em horário pós-laboral, para se testar adesão a este tipo de iniciativa. Seria importante também que as Faculdades com maior número de estudantes estrangeiros oferecessem ensino de pelo menos algumas disciplinas em inglês (ou, para começar, ensinar em português, com o apoio de PowerPoints escritos em inglês).

  1. Criar “Task Force” para a Renovação de Docentes na UP.
O envelhecimento dos docentes da UP, devido ao impedimento da renovação dos seus quadros, é um dos problemas mais graves que a Universidade hoje enfrenta. É assunto que merece a criação de uma “task force”, com peso académico, cívico, político e cultural, que chame a atenção para o problema e que em permanência esteja disponível para ajudar a UP a encontrar soluções e a desenhar estratégicas de intervenção para que o poder central e a sociedade civil sejam sensíveis a este problema. Sem renovação dos seus docentes, a UP vai-se desatualizando e morrendo aos poucos.

Porque continuo a considerar pertinentes as 20 sugestões de gestão estratégica para a UP que enviei ao Reitor no início do seu mandato, cito de seguida os seus títulos, sendo que podem ser lidas por inteiro neste “link”:

1. Reitor dialoga com as Faculdades uma vez por mês.
2. Reitoria transfere-se para o campus da Asprela.
3. Edifício da reitoria passa a Centro Cultural.
4. Intervenção cívica da UP: elaboração de Livros Brancos temáticos.
5. Conter o crescimento da Reitoria.
6. Garantir a todos os estudantes o direito de escrutínio das classificações que lhes são atribuídas em avaliações académicas.
7. Subir acima de 50% a percentagem de estudantes que responde a Inquéritos Pedagógicos.
8. Propinas gratuitas para os melhores estudantes.
9. Incentivar a escolha de Erasmus; porquê a alta mobilidade entre Portugal e Polónia?
10. Aumentar cooperação com Brasil utilizando professores da UP com prestígio em terra de Vera Cruz
11. Dar cor à UP.
12. O mecenato substitui o corte de financiamento do OE à da UP.
13. Tirar o melhor partido do património imobiliário da UP.
14. A colaboração entre a UP e a Efacec como paradigma da relação a fomentar entre UP e empresas; workshop da UPTEC.
15. Criar a Universidade Sénior da UP e não excluir da universidade os professores aposentados.
16. Olhar para a UC para melhorar a UP.
17. Como subir no ranking de Xangai?
18. Incentivar redes multipolares de criação de conhecimento entre as várias Faculdades da UP.
19. Dia da UP a comemorar-se ao fim de semana e incluindo os “Prémios do Reitor”.

20. Um desejo para o futuro, receber a mensagem seguinte do Reitor: “Porque a UP ultrapassou claramente os objetivos propostos para este ano, a todos os seus funcionários será atribuído um bónus no fim do mês”.