quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Contribuição para o Plano Estratégico da UP

(mensagem enviada por email ao Reitor e membros do CG)

Na sua próxima reunião (11 de março), o CG será previsivelmente chamado a apreciar o documento do Reitor “Plano Estratégico U.Porto 2020”. Trata a gestão da UP de 2016 a 2010 (já agora, a datação é incongruente com o facto do mandato do Reitor terminar em 2018). A meu ver, melhor fora que o documento se intitulasse “Plano de Gestão Corrente da U.Porto” já que se limita a enumerar o que se faz atualmente na UP e a antever metas para próximos anos também daquilo que já se faz hoje na UP. Confesso que tive dificuldade em identificar uma visão estratégica entusiasmante ou o avanço de novas ideias para o futuro da UP; li um enunciar de boas intenções gerais, um repositório de truísmos que me pareceu parco em concretizações (“de boas intenções…”). O que está refletido, por exemplo, na escolha lexical do resumo (5.4, “Iniciativas a desenvolver pela U.Porto no período 2016-2020”, pgs 30-35) em que a palavra mais usada é “promover” (50 vezes!), em vez de “iniciar”, “criar” ou “eliminar”, como esperaria ver num plano definindo a linha estratégica pessoal que o Reitor propõe à sua Universidade. Mas esta minha leitura crítica deve estar errada, já que o documento recebeu parecer favorável do Senado na sua reunião de dezembro passado. Em coerência com esta minha leitura crítica deste plano estratégico, apresento de seguida uma contribuição pessoal para consideração pelo CG e pela comunidade UP sobre a estratégia da Universidade para o futuro.

  1. Criação da UMP através da Ligação da UP ao Instituto Politécnico do Porto (IPP).
As duas instituições do Ensino Superior Público do Porto vivem de costas voltadas, em vez de potenciarem as suas capacidades formativas. Em parte isto poderá ser fruto da conhecida altivez das Universidades portuguesas relativamente aos Politécnicos. Numa área de atividade -- a da investigação -- tem todavia havido a criação espontânea de laços entre professores da UP e do IPP: nos últimos anos tem sido mais frequente a participação conjunta de professores da UP e do IPP em unidades de investigação reconhecidas pela FCT e também em equipas de investigação de projetos científicos. A meu ver, será útil à UP criar uma forte parceria com o IPP no ensino pré e pós-graduado através da formulação conjunta de:
Cursos de Licenciatura e de Mestrado Integrado, com a participação de docentes de ambas as instituições.
Cursos de Doutoramento, com a participação de docentes de ambas as instituições, ainda que, de acordo com a lei, só a Universidade possa atribuir este grau.
Cursos Intensivos de Atualização Prática em várias áreas, nomeadamente naquelas em que há valências complementares na UP e no IPP (por exemplo, exemplificando com a minha área, cursos de formação de equipas de emergência médica ou de bloco cirúrgico).
Seria uma boa estratégia para o futuro da UP que na cidade houvesse apenas a Universidade Metropolitana do Porto (UMP) juntando UP e IPP. Ganhava-se em sinergias, subia-se nos rankings, e até poderia justificar uma candidatura à Presidência da República.

  1. Subsidiariedade como Princípio Dominante da Gestão da UP.
Descentralizar as decisões para o nível mais próximo de quem por elas é afetado, este é o princípio estratégico que deveria nortear a filosofia de gestão da Reitoria no seu dia a dia. Ou seja, de cada vez que um membro da equipa de gestão da UP se prepara para tomar uma decisão, deve perguntar-se se não haverá outra entidade que seja mais próxima daqueles a quem a sua decisão interessa, para que seja essa entidade a decidir, em vez de um distante gestor com gabinete nos Leões. Sendo a subsidiariedade pedra basilar da Comunidade Europeia, infelizmente esta não é a filosofia mais praticada pela Reitoria e até pelas Faculdades. Decidir (desnecessariamente) pelos outros, esse é o princípio que mais vez preside à gestão universitária na UP. É um recente exemplo desta má prática centralizadora, a decisão da Reitoria de encurtar o calendário do próximo ano letivo, com o encerramento, obrigatório em todas as Faculdades, a 23 de junho (em vez de a 31 de julho) e consequente redução do número de semanas de aulas para 13 em todas as Faculdades, com corte para metade da extensão das épocas de exame em todas e cada uma das Faculdades. Porquê? Qual a vantagem desta decisão vinda de cima e que a todos obriga, qualquer que sejam as suas necessidades específicas? É que até dá vontade de repetir o conhecido desabafo “deixem-nos trabalhar” !

  1. Universidade Noturna.
Pedir a todas as Faculdades para que criem cursos de Mestrado ou de Atualização em regime exclusivamente pós-laboral, cursos esses cujas propinas permitam a sua auto-sustentação e eventual pagamento de suplemento salarial aos docentes que estiverem disponíveis para fazer ensino em horário de fim de tarde, noite e fim de semana.

  1. Cursos Lecionados em Inglês.
Pedir a todas as Faculdades para fazerem a experiência de criar cursos com ensino exclusivamente em inglês, sejam eles práticos, intensivos ou mais longos. Seriam inicialmente cursos para poucos estudantes, possivelmente em horário pós-laboral, para se testar adesão a este tipo de iniciativa. Seria importante também que as Faculdades com maior número de estudantes estrangeiros oferecessem ensino de pelo menos algumas disciplinas em inglês (ou, para começar, ensinar em português, com o apoio de PowerPoints escritos em inglês).

  1. Criar “Task Force” para a Renovação de Docentes na UP.
O envelhecimento dos docentes da UP, devido ao impedimento da renovação dos seus quadros, é um dos problemas mais graves que a Universidade hoje enfrenta. É assunto que merece a criação de uma “task force”, com peso académico, cívico, político e cultural, que chame a atenção para o problema e que em permanência esteja disponível para ajudar a UP a encontrar soluções e a desenhar estratégicas de intervenção para que o poder central e a sociedade civil sejam sensíveis a este problema. Sem renovação dos seus docentes, a UP vai-se desatualizando e morrendo aos poucos.

Porque continuo a considerar pertinentes as 20 sugestões de gestão estratégica para a UP que enviei ao Reitor no início do seu mandato, cito de seguida os seus títulos, sendo que podem ser lidas por inteiro neste “link”:

1. Reitor dialoga com as Faculdades uma vez por mês.
2. Reitoria transfere-se para o campus da Asprela.
3. Edifício da reitoria passa a Centro Cultural.
4. Intervenção cívica da UP: elaboração de Livros Brancos temáticos.
5. Conter o crescimento da Reitoria.
6. Garantir a todos os estudantes o direito de escrutínio das classificações que lhes são atribuídas em avaliações académicas.
7. Subir acima de 50% a percentagem de estudantes que responde a Inquéritos Pedagógicos.
8. Propinas gratuitas para os melhores estudantes.
9. Incentivar a escolha de Erasmus; porquê a alta mobilidade entre Portugal e Polónia?
10. Aumentar cooperação com Brasil utilizando professores da UP com prestígio em terra de Vera Cruz
11. Dar cor à UP.
12. O mecenato substitui o corte de financiamento do OE à da UP.
13. Tirar o melhor partido do património imobiliário da UP.
14. A colaboração entre a UP e a Efacec como paradigma da relação a fomentar entre UP e empresas; workshop da UPTEC.
15. Criar a Universidade Sénior da UP e não excluir da universidade os professores aposentados.
16. Olhar para a UC para melhorar a UP.
17. Como subir no ranking de Xangai?
18. Incentivar redes multipolares de criação de conhecimento entre as várias Faculdades da UP.
19. Dia da UP a comemorar-se ao fim de semana e incluindo os “Prémios do Reitor”.

20. Um desejo para o futuro, receber a mensagem seguinte do Reitor: “Porque a UP ultrapassou claramente os objetivos propostos para este ano, a todos os seus funcionários será atribuído um bónus no fim do mês”.

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