Para a reunião da próxima
sexta-feira, 16 de janeiro, o CG está agendada a “apreciação e aprovação do Plano de Atividades para 2015” da UP da
responsabilidade do Reitor. O documento já foi apreciado pelo Senado da UP
na sua reunião de 17 de dezembro, recebendo parecer favorável, sendo que o ónus
da sua aprovação formal recai no CG. Há uma semana enviei aos meus colegas do
CG e ao Reitor, a minha opinião sobre este “Plano de Atividades para 2015 da UP”.
Partilho agora com a comunidade UP essa minha
opinião pessoal sobre o Plano de Atividades da UP para 2015.
Organização e Conteúdo do Documento
Este
Plano de Atividades para 2015 inicia-se com uma “Carta do Reitor” (pg. 6) em
que
afirma
(3º parágrafo): “Em 2015, a U.Porto vai prosseguir e
aprofundar o plano estratégico anteriormente gizado, não deixando de introduzir
novas orientações e objetivos.” A meu ver, este plano é parco em
novas orientações e iniciativas e parece escrito “em piloto automático”, como
se se tratasse de um rotineiro relatório de gestão corrente.
O grosso
do documento (da pg. 70 à 192) é constituído por anexos correspondendo à
colagem dos relatórios enviados individualmente à Reitoria por cada uma das
faculdades, os quais não me cabe comentar.
A
Reitoria é responsável pela redação do texto da pg. 6 à 69, o qual é rico em
quadros e gráficos. Os quadros e gráficos são, a meu ver, o componente mais
importante, tornando o documento mais interessante enquanto “Desempenho da UP de 2012 a 2015” do
que enquanto “Plano de Atividades da UP para 2015”. Foi seguramente muito
trabalhoso chegar à informação que nos é disponibilizada nestes quadros e
gráficos. Nos quadros, em particular, apresenta-se o desempenho da UP em 2012,
2013, o previsto para 2014 e o projetado para 2015. Merece os meus mais
sentidos agradecimentos a Sra. Pró-Reitora, Prof. Doutora Patrícia Teixeira
Lopes, que com a sua equipa se encarregou, tal como em anos anteriores, de
coligir, organizar e analisar estes elementos. Agradeço também a deferência da
Sra. Pró-Reitora em esclarecer dúvidas que no mês passado tive na leitura de
alguns dos quadros, primeiro elemento que analisei do Plano de Atividades para
2015. É de aplaudir também a projeção cautelosa de desempenhos da UP para 2015,
tendo em conta a real perda de financiamento da UP para o ano que decorre.
Quanto ao
texto desta porção inicial (até à pg. 69), divide-se claramente em duas partes:
até à pg. 23, e da 24 para diante (esta segunda parte está destacada por um
fundo azul claro). Até à pg. 23, comentam-se os números pregressos da UP;
apenas na pg. 23 se refere, em menos de meia página “Atividades a
Desenvolver em 2015”, enunciando-se intenções gerais.
No texto
em fundo azul claro (a partir da pg. 24), no essencial, sistematiza-se a
informação contida nos anexos enviados por cada uma das faculdades, aqui e
além, identificando-se uma medida concreta da responsabilidade da Reitoria
(comentarei algumas dessas medidas em baixo). Por curiosidade, calculei o
número de vezes que são citadas as várias faculdades nesta
porção do texto que, como disse atrás, resume as contribuições das mesmas para
as atividades da UP em 2015 (da pg. 24 à 65).
Aqui está
o resultado dessa contagem:
Engenharia
(FEUP)
42
Medicina
(FMUP)
41
Letras
(FLUP) 30
Psicologia
(FPCEUP) 24
Biomédicas
(ICBAS)
17
Nutrição
(FCNAUP) 16
Farmácia
(FFUP) 15
Desporto
(FADEUP)
11
Economia
(FEP) 8
Belas
Artes (FBAUP) 7
Dentária
(FMDUP) 6
Arquitetura
(FAUP) 5
Ciências
(FCUP) 3
Direito
(FDUP) 1
Apresento
agora a comentários pessoais sobre algumas das medidas propostas pela Reitoria
da UP para 2015.
4.1 Investigação (pgs 23 a 32)
Listam-se
uma série de boas intenções gerais – verismos com os quais todos estaremos de
acordo – sem que haja qualquer especificação do modo como a Reitoria as
pretende concretizar. Por exemplo afirma-se que “…promover-se-á uma
cultura que fomente a recompensa da produtividade e dos resultados da
investigação desenvolvida.” (pg. 24)
A esta
afirmação segue-se a uma colagem de intenções parcelares que foram enviadas à
Reitoria por 6 das 14 faculdades (FEUP, FMUP, ICBAS, FNAUP, FPEUP, FLUP).
Pergunta-se: e
a Reitoria, ela própria, que iniciativas propõe para que se realize essa
promoção? Que instrumentos utilizará a Reitoria, ela própria, para esse fim?
Todo o
restante texto é da mesma natureza: verismos seguidos de transcrição de
intenções enviadas pelas várias faculdades, em que não se discerne qual a
contribuição inovadora ou de liderança da parte da Reitoria para 2015.
4.2 Formação (pg. 33 a 48)
Listam-se
logo na página inicial desta secção 5 eixos para “Melhorar continuamente
a qualidade de ensino/aprendizagem”, a saber:
1 –
Valorizar a investigação nos modelos educativos da U.Porto;
2 –
Valorizar a componente pedagógica na atividade dos docentes;
3 -
Promover a melhoria dos modelos educativos adotados nos ciclos de
estudo/unidades curriculares;
4 –
Valorizar o desenvolvimento de competências transversais nos modelos educativos
da U.Porto;
5 –
Valorizar a vertente pedagógica da U.Porto no contexto nacional e
internacional.
A esta
nova declaração de intenções gerais segue-se, de novo, a colagem de propostas
apresentadas sobre estes temas pelas várias faculdades, sem que haja indicação
de quais as escolhas, novas estratégias ou iniciativas lideradas pela Reitoria.
A
propósito da Formação quero reafirmar a necessidade da UP em 2015 dereativar
a avaliação dos docentes. Tem havido uma decrescente participação dos
estudantes no processo semestral de avaliação das suas disciplinas e dos seus
docentes (a Sra. Pró-Reitora Patrícia Teixeira Lopes fez o favor de me informar
que as taxas de resposta variam nas várias faculdades entre 14 e 30%). É
urgente inverter esta tendência e obter respostas aos Inquéritos Pedagógicos
acima de 50%. Isso é essencial para a contínua melhoria da qualidade de ensino
e, também, para viabilizar o recentemente aprovado processo de avaliação do
desempenho docente através de aplicação de uma fórmula numérica. É que
o valor numérico (de 1 a 7) obtido por cada docente como resultado dos
Inquéritos Pedagógicos entra na fórmula de avaliação do seu desempenho
profissional. Se esse valor numérico corresponder a respostas de 14 a 30%
dos estudantes, o docente terá um sólido fundamento para contestar o valor
numérico final que lhe for atribuído como resultado da aplicação da fórmula de
avaliação. Uma das minhas anteriores “20 sugestões ao reitor” era exatamente
sobre esta questão. Considero, já o escrevi, ser essencial simplificar os
inquéritos pedagógicos de modo a que cada estudante possa dar a sobre opinião
sobre uma disciplina e os seus docentes em não mais do que 15 minutos, em vez
das atuais 2/3 horas por disciplina (o atual inquérito contém demasiadas
perguntas), o que faz desistir qualquer um (é preciso diminuir o número de
perguntas para 5/10 vezes menos do que nos atuais inquéritos pedagógicos). Para
incentivar a participação dos estudantes, é também importante dar acesso, em
cada faculdade, a todos os estudantes e docentes aos resultados dos inquéritos
pedagógicos e sugerir que cada conselho pedagógico elabore um relatório no
final de cada semestre com comentários sobre os resultados dos inquéritos e o
publicite. Apontei ainda nas minhas anteriores “20 sugestões ao reitor” vários
métodos práticos para incentivar a participação dos estudantes. O Prof. Doutor
Fernando Remião, Pró-Reitor para a Inovação Pedagógica, pelo trabalho que
realizou na sua Faculdade de Farmácia, é a pessoa certa para desenhar as
medidas necessárias de reforma dos Inquéritos Pedagógicos, desde que haja uma
liderança que dê desígnios claros e se realizem reformas profundas. Haja
esperança !
Na pg. 40
lê-se, no que respeita a “atrair mais estudantes estrangeiros…”
“promover-se-ão visitas institucionais a universidades prestigiadas de
países/regiões de interesse estratégico para o reforço de internacionalização
da U.Porto, com o objetivo de recrutar ativamente estudantes estrangeiros”.
E quais
são esses países? Brasil? Angola? Moçambique?
Nenhuma
deles mas sim: México, Tailândia, China, Arábia Saudita, África do
Sul, EUA, Timor, Cabo Verde, Austrália e Nova Zelândia.
Alguém
acredita que virão para a UP estudantes da Austrália ou da Nova Zelândia?
Sendo
todos apetecíveis destinos turísticos, dificilmente serão “países/regiões
de interesse estratégico para o reforço de internacionalização da U.Porto”.
Pergunta-se: já
alguém comparou a troca académica entre o Reino Unido e as suas ex-colónias
americanas com a troca académica entre Portugal e sua ex-colónia americana?
Alguém pensou em fomentar a sério esse intercâmbio utilizando como embaixadores
os professores da nossa universidade com prestígio cimentado no Brasil, em vez
de comitivas reitorais?
Lembremos
o “Ciência sem Fronteiras” do “Brasil, Pátria Educadora” afirmado no discurso
de tomada de posse de Dilma Rousseff. Não será este o bom momento de enviar ao
Brasil uma embaixada de professores da UP que tenham fortes laços com
universidades brasileiras?
Esta
mesma secção da pg. 40 termina com um curto parágrafo assaz singular: “Não
obstante este conjunto de atividades promotoras do aumento de estudantes
estrangeiros na U.Porto, é esperada uma redução significativa no número de
estudantes estrangeiros inscritos para grau, em virtude do aumento das propinas
decorrentes da aplicação do estatuto internacional.
Pergunta-se: então
porque decidiu o reitor aumentar estas propinas?
A este
propósito quero acrescentar o seguinte: apesar dos meus reiterados pedidos, a
este e ao anterior reitor, a propina anual de um aluno de doutoramento na UP,
decidida em exclusivo pelo reitor, mantém-se exageradamente alta: 2.750
€. O resultado é uma fuga de estudantes de doutoramento do norte de
Portugal para universidades da Galiza, onde a propina anda à volta de 1 000€. Não
só não atraímos estudantes estrangeiros como estimulamos os nossos a “ir ao
mercado” galego.
4.3. Desenvolvimento Económico e Social (pg. 49 a
56)
A
palavra-chave desta secção do texto é “continuar-se-á”. Para
além da manutenção do que já existe, é difícil encontrar aqui novas
iniciativas, nem motivo para comentário já que as afirmações contido no texto
são consensuais, porque pouco específicas na sua concretização.
Nesta
secção afirma-se a vontade da UP de “privilegiar uma articulação com
outras instituições que partilhem a mesma visão estratégica da Universidade”,
podendo essa articulação envolver “divulgação científica, cultural,
museológica e artística”.
Neste
âmbito, sugiro que a UP disponibilize 200.000€ anuais a serem
geridos pelo atual vereador da cultura da CMP, Paulo Cunha e Silva,
professor da Faculdade de Desporto (FADEUP) e licenciado pelo ICBAS, figura que
tem tido um papel chave na revitalização cultural da cidade. A única limitação
na gestão desse montante seria que as iniciativas do professor Paulo Cunha e
Silva teriam que ter alguma participação da UP e, obviamente, a aprovação do
reitor.
Outro dos
objetivos referidos nesta secção é o de “dinamizar a realização
conjunta de projetos com o tecido económico”. De igual modo ao acima
sugerido para a cultura (subcontratação de 200.000€ a professor da UP que já
provou ser um eficaz gestor cultural), proponho que seja criado um programa
para entregar a gestão de 200.000€ da UP a empresas privadas que
queiram apresentar projetos conjuntos. Naturalmente, empresas da UPTEC
seriam estimuladas a apresentar candidaturas a este programa, assim como
empresas que têm tradição de colaboração frutífera com a UP, de que são exemplo
(e cito a COTEC): a Efacec, a Mota-Engil e a Unicer.
Que a
Reitoria da UP tome a iniciativa de encomendar “Livros Brancos” a
peritos da universidade sobre vários aspetos da sociedade portuguesa, é uma
sugestão que já fiz e que continuo a julgar pertinente como intervenção social
da universidade. Contribuiria para mudar a ideia dominante de que a Reitoria da
UP está apenas virada para dentro das portas da UP.
4.4 Áreas de Suporte (pg. 57 a 65)
4.4.5
Sistemas Informáticos e de Informação
Não há
qualquer referência neste capítulo à segurança do sistema informático da UP
(“Sigarra”) que é considerado, segundo me confessam estudantes da Faculdade de
Engenharia, facilmente permeável por estranhos (potenciais “hackers”). Seria
interessante, como medida preventiva, adjudicar um simulacro“ataque
informático” ao Sigarra a especialistas em segurança informática da
FCUP e da FEUP, e tirar daí as devidas conclusões.
É que se
um dia houver um ataque eficaz ao Sigarra, a UP paralisará e muito se perderá.
4.4.6
Espaço Edificado e Infraestruturas (pgs. 62 e 63)
Finalmente,
o concreto em relação a obras a decorrer em 2015 (pg. 62):
Belas-Artes:
remodelação do pavilhão de exposições […] e projeto dum edifício de conexão.
Nutrição:
elaboração de projeto para remodelação do antigo edifício do ICBAS para
instalação da Faculdade.
ICBAS:
elaboração de projeto de remodelação de parte do antigo edifício do ICBAS para
ser dedicado ao ensino clínico.
Farmácia/ICBAS:
elaboração de projeto de ampliação da cantina comum.
Desporto:
continuação da recuperação dos telhados dos pavilhões e substituição de tetos
falsos.
Economia:
elaboração de projeto de remodelação do edifício.
Vairão: remodelação
do centro de competências e do centro de formação do Campus Agrícola.
Reitoria: Museus –
intervenções para melhoramento de acessos e das instalações de apoio tendo em
vista a abertura dos museus à comunidade pela entrada sul do edifício.
Reitoria: Edifício –
reformulação da Sala dos Conselhos e recuperação de espaços afetos a diversos
Serviços da Reitoria.
Reitoria:
Organismos Independentes – (i) remodelação no edifício Parcauto
(Complexo dos Bragas) para instalação de arquivo da U. Porto; (ii) estudo de
intervenção no edifício Almeida Garrett; (iii) criação de parque de
estacionamento para funcionários no terreno do Beco do Paço.
Reitoria:
Polo II – (i) arranjos exteriores nos terrenos entre Economia e
Engenharia; (ii) criação de parque central da Asprela junto ao terreno do
Desporto.
Reitoria:
Polo III – (i) adaptação da Casa Andresen para instalação da Galeria da
Biodiversidade; remodelação da Casa Salabert para instalação de e-learning
Café.
Reitoria:
I3S – em conclusão a construção do edifício.
Reitoria:
Instituto Geofísico – recuperação do edifício da Serra do Pilar para instalação doe
Centro de Risco da U.Porto.
Reitoria:
SAS – início da remodelação da central térmica da RICA I e recuperação
de algumas infiltrações na residência D. Pedro V.
Seria
ajustado adicionar a cada uma destas obras informação sobre o custoque
está orçamentado ou que se encontra previsto.
A
propósito de custos, o documento “Orçamento da UP. Ano 2015”, que precedeu este
Plano de Atividades, ele é opaco relativamente à descriminação dos gastos a
serem realizados pela Reitoria da UP em 2015, já que aparecem incluídos nos
gastos gerais da universidade. A UP tem o direito de saber que fundos
gasta anualmente a Reitoria e como os gasta: quanto em ação social, quanto
em salários, quanto em obras, quanto em viagens, etc. No tempo do Reitor Novais
Barbosa, a Reitoria da UP apresentava esse orçamento parcelar dos seus gastos
distribuídos por item. Essa boa prática perdeu-se com o Reitor Marques dos
Santos. Urge que o atual Reitor retome a boa prática do Reitor Novais Barbosa.
A
propósito de obras: a beleza da restaurada frontaria do edifício da
Reitoria da UP contrasta com a deterioração das outras três
paredes do edifício que também merecem restauro. Proponho que, de igual
modo ao que foi feito para a frontaria, se procure patrocínio publicitário para
o restauro das outras três paredes, de modo a se harmonizar a boa imagem
arquitetónico do edifício.