Na sexta-feira passada
foram convocados para reunião em Lisboa com o ministro Manuel Heitor os
diretores de Unidades de Investigação para lhes ser apresentada a nova Política
de Ciência do governo.
O essencial dessa reunião
vem relatado em notícia publicada pelo Público no sábado passado, a qual se
pode ler neste “link”:
Dessa notícia retiro seguinte extrato:
“…explica Manuel
Heitor. Além da Carta de Princípios de orientação para a FCT divulgada na semana passada, a tutela definiu uma outra
“questão crítica” que vai balizar a nova avaliação: a quantidade da produção científica deixará de ter a mesma
preponderância, sendo privilegiado o conteúdo do trabalho dos
investigadores. O ministro defende que, com esta decisão, se limita
a seguir uma “prática internacional”, que tem secundarizado os indicadores bibliométricos em contexto de avaliações
de centros de investigação, dando relevância à “análise do conteúdo da investigação pelos pares”, diz, citando
como exemplos a Declaração de São Francisco, de 2012, e o Manifesto de Leiden,
do ano passado, onde a comunidade científica internacional se mobilizou contra
o peso excessivos dos indicadores de publicações científicas.”
É para mim muito preocupante
ler que a futura avaliação das candidaturas a financiamento de projetos pela
FCT será baseada em primeiro lugar no “conteúdo” do trabalho dos investigadores
e, só secundariamente, terá em conta os indicadores bibliométricos.
Segundo o ministro serão
os pares quem definirão “o conteúdo do trabalho dos investigadores” a avaliar. Mas
o que é o “conteúdo”, essa palavra vaga, sendo a publicação (“os indicadores
bibliométricos”), que é um dado objetivo e mensurável, “secundarizada” ?
Vamos abrir a porta para, à
pala da ”análise de conteúdo”, avaliações
subjetivas feitas pelos pares, que estarão autorizados (recomendados?) a minimizar
o critério objetivo da publicação científica e da sua qualidade relativa?
Não se correrá o perigo de
que haja “conteúdos” de primeira e de segunda, sendo, por exemplo, que de
primeira serão apenas os “conteúdos” propostos por cientistas aglutinados nos cada
vez maiores Centros, que resultaram da fusão de Laboratórios Associados?
A meu ver a análise
bibliométrica, não devendo ser o único critério, não pode ser secundarizada na
avaliação das candidaturas a financiamento de projetos científicos à FCT.
Mate-se o “conteúdo” e a subjetividade
que está implícita nesta palavra! Toda a decisão que é sujeita sobretudo a critérios
subjetivos é lenha que acaba a alimentar as fogueiras com que os lobbies
arrecadam os nossos dinheiros públicos.
A investigação científica merece
avaliação objetiva da sua qualidade.
O CG da UP tem, a meu ver,
como a sociedade em geral, o dever de se pronunciar sobre a nova Política de Ciência
apresentada pelo ministro Manuel Heitor.
É assunto que propus para
discussão do Conselho Geral da UP na sua próxima reunião (11 de março).
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