quarta-feira, 29 de março de 2017

Discurso Panglossiano do Reitor no dia da UP

“Todo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”

Retirando a estafada frase “vivemos num quadro obviamente difícil para todos”, concluímos que não há mínima desarmonia na UP, de acordo com o discurso do Reitor que pode ser lido aqui:

Não há uma referência no discurso à promoção pelo Reitor da fusão entre a FMUP e FMDUP, nem referência a qualquer crítica do Conselho de Curadores ou do Conselho Geral, nomeadamente relativamente à percentagem avultada do orçamento da universidade gasto pela Reitoria, nem referência às persistentes disfuncionalidades dos serviços partilhados que continuam a afetar as faculdades, nem referência à insatisfação dos estudantes pela perda de qualidade dos SASUP, ou pela redução da extensão da época de exames, nem ao reiterado adiamento pelo Reitor da afixação no átrio da reitoria de placa de homenagem aos estudantes que combateram a ditadura tal como foi aprovado por unanimidade pelo CG, nem sequer são referidas as públicas queixas de subfinanciamento grave do ensino da medicina na UP. Quando a auto-estima é imensa, a realidade não existe. Tem o discurso algumas tiradas hilariantes, julgo que para descontrair o leitor do agreste estilo do texto, como a de considerar que a UP merece parte dos louros pela atribuição por votação online do prémio “Melhor Destino Europeu 2017” ao Porto (se o FCP ganhar o campeonato, no próximo discurso…).

Se a maior parte do discurso é um panegírico acrítico da UP e da performance da atual equipa de gestão da Reitoria, o que é perigoso para a universidade é o que está escrito como sendo os objetivos futuros deste Reitor que se podem ler nos “quatro grupos de temas de política e governação” (pg 21):

- A confessada obsessão em criar regulamentos que vão espartilhar e burocratizar ainda mais a atividade dos docentes universitários, seja através de “definir o modelo de regulamento de prestação do serviço dos docentes” (?) ou de “definir o regulamento complementar da investigação” (um mastodôntico regulamento hiperburocrático de mais de 20 páginas proposto pela reitoria para encarcerar a atividade de investigação, que anda a circular por mãos escolhidas, e que exige, não se esqueça, aprovação pelos conselhos científicos de cada faculdade).

- A vontade de “reorganização orgânica” que é eufemismo de fusões a serem definidas pelo reitor e alguns diretores de faculdade, sem que sejam ouvidos os conselhos científicos e pedagógicos das faculdades envolvidas.


- Espantoso é falar-se ainda que se tem como objetivo uma “governação ágil e desburocratizada” quando esta reitoria é a maior de sempre, consome mais de 11% do orçamento da universidade (consome o equivalente à terceira maior faculdade, enquanto que nas outras universidades as reitorias consomem entre 5 e 7% dos seus orçamentos), e ao criar regulamentos mastodônticos amplia a teia burocrática, prejudicando a produtividade da universidade.

1 comentário:

  1. O reitor teve azar. Como é seu costume, desde pequenino, construiu um discurso de auto-elogio e de propaganda para ascender a um qualquer lugar da governação pública. Só que não estava lá ninguém das altas esferas para o ouvir, tirando o bispo da cidade. Realmente, a UP vive no melhor dos mundos, sem problema algum. E passará a viver ainda melhor, se adoptar outro modelo de organização, leia-se, fusão de Faculdades - rector dixit...

    ResponderEliminar