quarta-feira, 15 de julho de 2015

Resposta do Prof. Nuno Ferrand ao "Stonewalling" dos Museus da UP

Muito obrigado pelo seu mail e pela lembrança. Na verdade, devo-lhe há bastante tempo um agradecimento especial pela extensa lista de sugestões e críticas que me enviou, que muito apreciei, e que terei em consideração no desenvolvimento do projecto do Museu da Universidade do Porto.

Permitir-me-á certamente que não responda por mail às questões que coloca uma vez que esta não é, como sabe, a forma mais eficaz de trocar impressões sobre um assunto tão complexo quanto este. Estou, contudo, à sua inteira disposição - bem como de todos os membros do Conselho Geral da Universidade do Porto e da sua Equipa Reitoral, a quem dá conhecimento deste mail - para discutirmos em detalhe essas e outras questões relativas ao desenvolvimento deste projecto tão importante para a nossa Universidade. Seguramente que, de uma maneira ou de outra, será possível organizar essas ocasiões. Amanhã, por exemplo, estarei novamente diante do CC da FCUP para apresentar o estado actual do projecto. Neste contexto, a única coisa que gostaria de lhe deixar bem claro é que nunca invoquei ou invocarei, em quaisquer circunstâncias, o facto de estar muito "atarefado" para não me sujeitar a perguntas.

Finalmente, não resisto a comentar dois aspectos que refere na sua Carta Aberta, e que se ficarão com certeza a dever a falta de atenção em relação à informação disponibilizada. Em primeiro lugar, sugere-me que compre algumas peças do escultor taxidérmico António Perez, referindo que em 2013 a Casa Andresen mostrou uma exposição destas "belíssimas esculturas quase-vivas". Não posso estar mais de acordo, e aprecio muitíssimo que tenha gostado: na verdade, fui eu que, numa visita ao Parque de las Ciências, em Granada (quando estava aliás a preparar a Exposição "Evolução de Darwin", de que fui Curador, outro facto que parece ignorar), conheci o António Perez, reconheci o seu enorme talento, e organizei a Exposição a que se refere na Casa Andresen. Pode pois ficar descansado porque há muito tinha decidido proceder a essas aquisições. Em segundo lugar, diz que a Universidade do Porto recebeu um espólio do Dr. Desmond Morris, e aconselha-me, entre outras coisas, a salientar o seu papel como divulgador científico. Mais uma vez, não posso estar mais de acordo. Mas só consigo compreender aquilo que diz se desconhecer em absoluto que o espólio do Dr. Desmond Morris foi conseguido por mim e pela minha equipa após um longo e difícil processo de negociações, e que, como é evidente, está em preparação um extenso programa de valorização e divulgação desse espólio e de alguns dos momentos mais marcantes da obra do autor enquanto divulgador de ciência.

Minha resposta ao email do Prof. Nuno Ferrand:

Muito obrigado por finalmente, 4 meses depois, ter respondido ao meu email.

No seu email de hoje refere apenas duas (das muitas) sugestões minhas, apenas aquelas que, pelos vistos, lhe agradam e lhe permitem invocar mérito pessoal.

Não apresenta qualquer esclarecimento relativamente às múltiplas perguntas concretas que lhe deixei no meu email de março passado. Omite qualquer comentário às minhas várias críticas.

O pedido essencial que lhe fiz a si, e ao Senhor Reitor, é o de transparência perante a comunidade UP: em vez de fazer apresentações restritas ao Conselho Geral (uma apresentação feita por iniciativa do CG mas sem que aos seus membros fosse dada oportunidade de lhe fazer qualquer pergunta) ou ao CC da sua Faculdade, peço-lhe que promova um período de consulta pública do projeto dos Museus da UP pelos membros da comunidade UP seguida da sua apresentação, também pública, e seguida de debate, também público na UP.

A criação dos Museus da UP é uma ação financiada por dinheiros públicos atribuídos à UP. É um assunto sobre o qual a comunidade UP deve ser informada de modo aberto e nele participar entusiasticamente. Eu, por mim, sinto-me na obrigação de continuar a oferecer informação aberta sobre este assunto a quem me elegeu como seu representante no CG da UP.

Qual é o problema de se fomentar uma consulta pública e debate sobre o projeto dos Museus da UP? Em que é que isso prejudica o processo? Não e melhor fazer tudo às claras?

1 comentário:

  1. Só agora dei de caras com esta curiosa troca de e-mails. Eu tenho a resposta para todas as questões que o professor Nuno Ferrand se inibiu de responder: ele não sabe. E também não sabe bem explicar como chegou à posição de director do Museu de História Natural quando o seu currículo como curador é nulo. Da exposição A Evolução de Darwin, este "curador" nem foi capaz de fazer, ele mesmo, a visita guiada da inauguração. Alegou que estava presente o criador da mesma, o professor José Feijó ,e que por isso lhe concedia o prazer quando a verdadeira razão era precisamente ele não ser capaz. De um assunto que vivi muito de perto atrevo-me ainda a rir da maior mentira que, numa resposta tão concisa como inútil, ele teve o desplante de escrever: "nunca invoquei ou invocarei, em quaisquer circunstâncias, o facto de estar muito "atarefado" para não me sujeitar a perguntas". E rio com vontade porque é precisamente isso que ele faz, com todos, todos os dias. Este senhor daria uma excelente personagem nas mãos do excelente Eça de Queiroz. E discordo, o director do museu de história natural tem de ser o melhor comunicador da sua equipa, porque é assim que vivemos todos, aqui, na vida real.
    Quanto à exposição dos trabalhos de taxidermia de António Perez concordo obviamente com a beleza e interesse da exposição mas ia-me dando "um fanico" quando vi a forma escabrosa como aquelas peças de história natural foram transportadas. A palavra é "deprimente" e aquilo ninguém filmou, ninguém entrevistou, ninguém inaugurou. E isso fez-me de imediato lembrar o espólio da reserva do museu de história natural da UP, que várias vezes tive o prazer de visitar, armazenado em tão indignas condições, tão indignas que as considero um atentado à biodiversidade. Nisso tenho de discordar de si: o nosso museu pode ser pobre, pode não ser inigualável, mas não raramente, são dos maiores constrangimentos que surgem os maiores e melhores trabalhos criativos. Há, primeiro, que investir no que já temos com mentes frescas, olhares novos e depois, quando tivermos a casa arrumada, quando percebermos o que nos faz falta, quando esta provar o seu valor, será o momento em que seremos capazes de fazer investimentos acertados. Porque mesmo com as obras de António Perez e os trabalhos de Desmond Morris, o museu não deixará de ser essa grande "manta de retalhos" sem leitura continuada. Até lá continuaremos, os dois, a ver tanta gente muito formada mas pouco elucidada a acreditar nas histórias do professor Nuno Ferrand no seu papel de alfaiate do género "O Rei vai Nu". SE

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